Rio+20 e o futuro do planeta


Conferência das Nações Unidas termina sem grandes avanços
Vinte anos após a Cúpula da Terra, ou Eco-92, realizada no Rio em 1992, reuniram-se novamente na capital fluminense cientistas, ambientalistas, representantes de ONGs, chefes de governo, corporações e sociedade civil, a fim de debater, na Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), o futuro do planeta. Como é possível reduzir a pobreza, promovendo a justiça social e a proteção do meio ambiente, em um planeta com recursos finitos e população crescente? Que ações podem garantir o desenvolvimento sustentável na Terra e como implementá-las?
Com a participação de líderes dos 193 países que fazem parte da ONU (Organização das Nações Unidas), as expectativas eram grandes, e os debates iniciais basearam-se nos dez principais pontos entre as milhares de sugestões recebidas na plataforma on-line disponibilizada pelo governo brasileiro, anfitrião do evento.
Três recomendações foram votadas para fazerem parte do documento entregue aos governantes presentes. As recomendações mais votadas, que expressam a preocupação da sociedade civil, tratam do direito à educação como ferramenta para o trabalho, renda básica e proteção social, e mudanças de paradigma para a imigração no mundo. Já o setor privado insistiu em contrapartidas econômicas, alegando que a produção verde requer investimentos e que isso encarece seus produtos. Os governos, por sua vez, não chegaram a um acordo quanto a quem deve fazer aporte financeiro ao fundo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), a fim de ajudar os países pobres para um desenvolvimento sustentável.          
Desenvolvimento sustentável é o modelo que prevê a integração entre sociedade, economia e meio ambiente. Ou seja, é a noção de que o crescimento econômico não deve desconsiderar a inclusão social e a proteção ambiental. O problema é que o poder de decisão está nas mãos de quem é focado apenas na economia e vê o consumo como o propulsor do desenvolvimento. Por exemplo, se todo o mundo passasse a consumir como os estadunidenses, esgotaríamos os recursos naturais. Mas como convencer a China (mais de 1,3 bilhão de habitantes) que ela não pode consumir como os Estados Unidos (350 milhões)? Ou como dizer aos países pobres que eles precisam fazer sacrifícios que os ricos não estão dispostos a fazer?          
Mal comparando, é como uma reunião de condomínio. Quem tem crianças quer investir em playground, quem não tem prefere cobrir o estacionamento; e ainda há os que não dão importância nem para uma coisa, nem para outra. Sem consenso, a conferência acabou por produzir um documento de 85 páginas de generalidades; recomendações que podem ou não serem seguidas.
O secretário-geral da Rio+20, Sha Zukan, avaliou que o documento é "o melhor que se poderia conseguir", ou seja, não se pode esperar muito.
Rio+C40
Apesar do documento anódino produzido pela Rio+20, merece destaque a decisão tomada pelo C40 (Grupo de Grandes Cidades para a Liderança Climática): reduzir as emissões de gás carbônico em 1 bilhão de toneladas por ano até 2030.
Para alcançar essa meta, as cidades devem realizar ações como a recertificação de prédios públicos, a troca da iluminação pública por lâmpadas LED e a substituição do transporte público movido a combustíveis fósseis por energia limpa, como biocombustível e eletricidade gerada por fontes renováveis.
Além disso, o C40 implantará uma rede de cooperação entre metrópoles para lidar com lixo sólido urbano. Afinal, os lixões emitem grandes quantidades de metano, um dos maiores vilões do aquecimento global.
As 56 cidades que compõem o C40, entre elas Curitiba, São Paulo e Rio, concentram mais de 320 milhões de pessoas, e representam 21% do PIB mundial e 14% das emissões de gases que aceleram o efeito estufa.

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