BONS VENTOS GERAM BOA ENERGIA

O Brasil detém um dos maiores potenciais de correntes de vento do mundo
Os bons ventos do Nordeste ajudam o jangadeiro, amenizam o calor e geram energia eólica, considerada uma das fontes energéticas mais limpas, abundantes e renováveis.

Quem esteve há pouco no Ceará ou no Rio Grande do Norte, provavelmente observou as altas torres brancas, com aproximadamente 110 metros de altura e enormes hélices, que captam a força dos ventos para geração de energia eólica. Esses estados têm duas vezes mais capacidade de geração que a Alemanha.

Segundo os especialistas da área, ventos a partir de 21,6 km/h, presentes por cerca de cinco horas por dia, são viáveis para aproveitamento. O Brasil, com terrenos e ventos em abundância, na Chapada Diamantina, no sul do País, mas sobretudo no litoral nordestino, poderia aproveitar melhor esse recurso. Possuímos um dos maiores potenciais de correntes de vento do mundo, 143.000 MW, mas somente 930 megawatts (0,65%) do que poderia ser explorado se aproveita atualmente. Por outro lado, 77% da energia consumida no Brasil é gerada a partir de hidrelétricas e menos de 1% é eólica.

Para quem quer saber mais, o atlas do potencial eólico brasileiro pode ser consultado no site do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) www.cresesb.cepel.br.

Perspectivas

Com a implementação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) pelo governo federal, uma atenção especial passou a ser dada ao Nordeste, região cujas condições naturais de relevo, clima, constância e força dos ventos sem muita turbulência são favoráveis à produção de energia eólica. No Brasil há cinquenta parques eólicos em operação e 35 sendo construídos, que devem garantir mais um gigawatt na rede de transmissão nacional.

A média mundial de geração de energia de uma turbina de um megawatt é aproximadamente 27% da capacidade plena por ano. A média brasileira chega a 50%. Por tudo isso, o Brasil tornou-se a bola da vez, atraindo os maiores investidores mundiais para os leilões de energia eólica.

A partir de 2020, passaremos a pagar pelas emissões de gás carbônico, o que certamente influenciará favoravelmente as decisões de investimentos na geração da energia dos ventos. Segundo um estudo da Secretaria de Infraestrutura do Ceará, o estado evitará, por ano, o equivalente à emissão de um milhão de toneladas de dióxido de carbono (o maior vilão do aquecimento global) quando tiver com sua capacidade total de geração instalada.

Em todo o País, onde há bons ventos, pequenas turbinas podem ser instaladas em empresas, como hotéis, por exemplo, para suprir a energia elétrica consumida em seus centros de convenções, restaurantes, espaços de lazer, inclusive com um bom retorno de marketing.

Apesar desse momento favorável à energia eólica, com leilões concorridos e a previsão de multiplicação da geração por 14 ao longo desta década, nada indica que se abrirá mão das fontes tradicionais de fornecimento. A matriz hidrelétrica ainda é prioritária para o governo, que tem investido em obras de médio e grande porte na região amazônica, mesmo com tensões sociais e críticas em função do impacto ambiental que têm provocado


Custo ambiental

Líderes comunitários das localidades onde parques eólicos foram construídos denunciaram, junto ao Ministério Público Federal, problemas relacionados a sua instalação, como o aterramento de lagoas, interferências em aquíferos, a devastação de dunas, a destruição de casas e os conflitos com comunidades de pescadores. Parte do litígio resulta da decisão de aproveitar a altitude das dunas para potencializar a captação dos ventos mais intensos, considerando-se apenas as vantagens econômicas, ignorando os custos ambientais. As comunidades locais não tiveram nem o benefício da energia elétrica e suas casas continuam sem luz, pois toda a energia gerada é vendida.

De maneira geral, qualquer obra gera impacto durante sua instalação. Cientes desse fato, em relação aos parques eólicos, os projetos futuros devem fazer o possível para evitar ou minimizar seus efeitos negativos.

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