São Sebastião

No litoral norte de São Paulo, a 204 km da capital, São Sebastião, com suas inúmeras praias, muitas delas recortadas pela serra da Boiçucanga, é uma verdadeira obra de arte. Talvez por isso seu símbolo turístico é a obra O Peixe, da artista plástica Leslie do Amaral.

Em São Sebastião há uma grande extensão de área preservada coberta pela Mata Atlântica. Fazer uma de suas inúmeras trilhas até uma cachoeira, contemplando a exuberante fauna e flora local, é, no mínimo, revigorante. Fiz três dessas trilhas. Uma é a que leva à praia Brava, entre Boiçucanga e Maresias. É na verdade um enorme morro para subir e, consequentemente, para descer até a praia. Embora a trilha seja arborizada, se o sol estiver forte, é bastante cansativo. Mas vale o esforço, pois a praia é isolada e, se não for pela trilha, só se chega nela de barco.

Outra trilha que fiz liga a praia da Juréia com a praia do Engenho. Nessa, há duas opções: pelas pedras, avistando o mar, ou pela mata. Eu fui por um caminho e voltei pelo outro. Mas a trilha que mais gostei fica no parque da Serra do Mar, no fim da estrada do cascalho, em Boiçucanga. A trilha segue à margem de um riozinho em meio à mata. Fui até a segunda cachoeira, mas existem muitas outras subindo um pouco mais a serra.

O patrimônio histórico de São Sebastião é também muito bem conservado. São sete quarteirões e vários outros edifícios tombados isoladamente pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do estado de São Paulo (Condephaat).

Se você for até o centro, tire um tempinho para visitar, por exemplo, a Casa de Leis ou a Casa Esperança. Da segunda metade do século XVIII, a Casa Esperança é a construção histórica mais nobre do município, feita em pedra e cal, com argamassa de conchas, areia e óleo de baleia. A fachada também é típica do século XVIII, possui disposição simétrica e ornamentação em pedras portuguesas. A Casa de Leis ou Casa de Câmara e Cadeia de São Sebastião remonta ao século XVIII – edifício assobradado, em pedra e cal, de arquitetura típica de prédios públicos portugueses. No pavimento superior, instalava-se a Câmara; já na parte térrea, a cadeia, onde ficava a Alcaidaria (Justiça).

Afastando-se um pouquinho do centro, é possível conhecer a fazenda Santana , um exemplo de engenho de açúcar. Construída em 1743, possui na propriedade um sobrado de pedra entaipada, um aqueduto de pedra, senzalas, um canavial, zonas da mata para lenha, pastos onde todo trabalho era feito por mão-de-obra escrava. É uma propriedade particular, mas, com permissão dos donos, pode-se visitar a casa grande e demais dependências da fazenda, inclusive a antiga Casa da Farinha, com o tombo d'água.

Em São Sebastião, na praia da Boracéia, está conservada também a Reserva Indígena do Rio Silveiras, onde vive a tribo dos guaranis. O tradicional artesanato indígena é comercializado no local.

Falou em verão, falou em praia, e as de São Sebastião são um “show”.

Com crianças, recomendo a praia da Baleia, pois suas águas são calmas, tranquilas e a praia é plana, de longa extensão, com areias duras e brancas, perfeita para a prática de vários esportes, caminhadas e passeios de bicicleta. Aproveitei para dar uma corridinha. Mas você pode simplesmente relaxar, aproveitando o visual das ilhas próximas e da ilha dos Gatos, que, avistada da praia, tem o formato que lembra uma baleia. A praia da Baleia é rodeada por montanhas e muita vegetação ampla, que proporciona um clima agradável.
Bem próxima ao centro de São Sebastião, Barequeçaba é outra praia ótima para a criançada, pois suas águas são mansas, perfeitas para um banho de mar com segurança e tranquilidade. Possui uma larga faixa de areia dura e escura, ótima para a prática de esportes. No mar e no ar, também tem agitação com paraglider, kitesurf, mergulho, entre outras opções. Em Barequeçaba, enfrentei o mar a bordo de um imponente caiaque. E embora o mar parecesse uma piscina, não fui muito longe porque remar cansa, não é?!

Outra praia que não pode ficar de fora do roteiro é a praia da Juréia, um verdadeiro paraíso ecológico, onde a Mata Atlântica é muito preservada. O horizonte é desenhado pelas ilhas Montão de Trigo e Alcatrazes, que parecem se erguer das águas azuis que banham a praia de areia fina e clara. No canto norte da praia, além da trilha que eu fiz, há um lago de águas escuras que abriga diversas aves na época da migração. Mas cuidado! O mar é bravo e lá eu levei vários capotes. Não é à toa que a galera do surf curte o lugar.

Agora, surf irado é em Maresias. Essa praia é o point da galera jovem em busca de badalação, seja na praia ou em suas agitadas casas noturnas. Maresias é também referência mundial do surf, pela qualidade de suas ondas, sediando diversos campeonatos, incluindo etapas de mundiais. A praia é ótima, com cerca de cinco quilômetros de areia branca, fininha e água cristalina, especial para o banho ou um passeio de barco. Em seu horizonte, pode ser avistado o arquipélago de Alcatrazes. Ao sul, no Canto do Moreira, quebram as melhores ondas. Lá na praia, em frente ao shopping, “rolava” um show dos Detonautas e eu curti um pouquinho.

Me hospedei em Boiçucanga. Uma praia de mar calmo, areia grossa e amarelada, bem íngreme, que afunda rapidamente. Aproveitando essa característica, fiz vários mergulhos. Voltada para o oeste, Boiçucanga possui, no verão, um pôr-do-sol belíssimo. O sol se põe no mar, tingindo o horizonte com tons que vão do vermelho ao laranja intenso. À noite, a iluminação da sua orla proporciona um espetáculo único. Em Boiçucanga, numa vilinha de pescadores, provei e aprovei deliciosas lulas à dorê.

Em todas essas praias há uma boa infra-estrutura com quiosques, restaurantes, pousadas e hotéis. Você já decidiu aonde irá neste verão? Eu já! Voltarei a São Sebastião.

Acessibilidade

O site da cidade: não é dos melhores, mas tem certa medida de acessibilidade. Os demais itens pararam no tempo.

Não há intérpretes de libras, tampouco folhetos de informações turísticas em braille.

Como chegar: de carro, ir até a BR-101 (Rio-Santos), pela Mogi-Bertioga, ou pela rodovia Anchieta (SP 150), ou rodovia dos Imigrantes (SP 160), ambas pedagiadas.

De ônibus: rodoviária do Tietê (estação Tietê do metrô).

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