Campos do Jordão - Frio e Sol: Uma Combinação Perfeita

Estamos no outono. Logo chegará o inverno e com ele tudo o que há de bom. Um lugar para ir? Campos do Jordão, a 1.700 metros de altitude. Com um clima superior ao de Davos Platz, nos Alpes suíços, bem como um teor de oxigenação superior ao de Chamonix, estância francesa famosa pela pureza do ar, esta cidade paulista, com o seu clima tropical de montanha, tem o sol presente praticamente o ano todo. A temperatura no inverno chega a cair até 5 graus Celsius negativos.

Por isso, Campos do Jordão tornou-se a mais importante estância climática do Brasil. Mas essa cidade da serra tem mais a oferecer além do excelente clima. Ótima malharia, deliciosos chocolates caseiros, doces e compotas, além das águas minerais que correm das fontes mais puras da montanha local.

Quando lá cheguei, no último inverno, fui direto à Vila Capivari, turística por excelência. É nela e em seus arredores que se concentram os melhores hotéis e restaurantes, confeitarias e shoppings, além de luxuosas residências que lembram chalés suíços e palacetes imponentes, de estilo normando.

É nela também que se concentram os visitantes da estância, caminhando dentro de seus casacos ou em seus carros de luxo. Em plena praça do Capivari, assisti uma magnífica apresentação de uma orquestra sinfônica, parte do Festival Internacional de Inverno, que acontece desde 1969. Aliás, durante esse evento, a cidade transpira musicalidade. Ali ao lado, depois de enfrentar uma fila típica paulista, provei e aprovei um saboroso e famoso pastel de tamanho generoso. Valeu a pena!

Fiz em seguida de trenzinho um city tour animado, que me levou, entre outros pontos turísticos, à Ducha de Prata, à Vila Inglesa, ao Auditório Cláudio Santoro, o principal palco do Festival, e à Cervejaria Baden Baden. Essa cervejaria fabrica, como não poderia deixar de ser, a partir de água pura, malte de cevada, lúpulo e fermento, cervejas artesanais de boa qualidade. Está aberta à visitação e, o melhor, para degustação.

Nos jardins do Auditório Cláudio Santoro, entre a paisagem verde do Alto da Boa Vista, há cerca de 100 peças esculpidas em bronze, granito e cimento branco pela artista plástica Felícia Lerner. Durante os dias, o sol banha as obras com sua luz, permitindo aos admiradores reparar em detalhes e formas de cada obra. Já, à noite, além do brilho da lua, as esculturas recebem um jogo de luz, que permite uma apresentação à parte.

O trenzinho me deixou defronte ao Morro do Elefante. Decidi subi-lo. Fiz isso de teleférico. Lá no alto, entre outras coisas, tem uma pequena pista de snowboard. Os fotógrafos de plantão também podem tirar belas fotos do alto da Vila do Capivari. Se você curte imagens, em Campos do Jordão pode conhecer também a Casa da Xilografia (gravuras impressas, em papel, com matrizes de madeira) e o seu acervo com cerca de duas mil obras de mais de 200 artistas. Se você é adepto da bota de trekking, há na cidade muitas opções de caminhadas.

Uma bem intensa, com oito horas de atividade, programa obrigatório para quem gosta de emoção, ou quer um visual fora do comum, é ir a Pedra do Baú. Escadas metálicas, tanto na face sul como na face norte, permitem alcançar o topo da rocha. Se nem tanto, a opção é o Horto Florestal (Parque Estadual de Campos do Jordão).

As caminhadas pelas trilhas da Cachoeira do Garalhada, que dá direito a banho nas águas cristalinas da cachoeira, ou a Trilha do Rio Sapucaí, de onde se vêem as corredeiras do rio, as trilhas Quatro Pontes, Campos e Canhambora são leves e descontraídas, com até duas horas de duração. Mais desafiadoras são as trilhas da Cachoeira da Celestina, com cinco horas de duração, que percorre os bosques de araucárias e desafia os medos Mata Atlântica adentro, e da Pedreira, com três horas de duração, que reserva momentos de muita ação e adrenalina, pois é preciso escalar uma pedreira de 15 metros de altura, utilizando, evidentemente, técnicas de rappel ou montanhismo.

Em qualquer dessas caminhadas pela mata é possível encontrar mamíferos como bugio, caitetu, cotia, coati, macaco-prego, onça suçuarana, queixada, e aves como o azulão, o bicudo, bigodinho, bitro, caburé, canário fogo, caçaroba, cuiu, curió e várias espécies de sabiás.

Agora, se você é totalmente urbano, ou então prefere uma caminhadinha bem leve, a opção é percorrer a ciclovia que acompanha o trilho do bondinho e vai do Capivari ao Jaguaribe. O trajeto de 40 min é muito procurado por causa da ausência dos carros. Eu fui de uma ponta a outra e garanto, não cansa.

Para repor as energias, que tal saborear uma truta? A cidade tem uma truticultura bem desenvolvida, atração para pescadores de todas as regiões.

Antes de pegar a estrada de volta, já à noitinha, tomei na praça um delicioso chocolate quente.

E então, é ou não é um ótimo lugar para o próximo inverno?

Acessibilidade

Infelizmente, a acessibilidade em Campos do Jordão ainda encontra barreiras montanhescas. Não há intérpretes de libras, banheiros acessíveis para cadeirantes e tampouco folhetos de informações turísticas em braille.

O site da cidade http://www.camposdojordão.sp.gov.br não é acessível e muitíssimo desatualizado.

Como chegar

O acesso pode ser feito por meio das rodovias SP-123 e SP-50, ambas partindo da Via Dutra.

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