Biocombustíveis

Este ano, aproveitando a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), decidi trocar de carro. Marca? Modelo? Não. O requisito principal era ser flex, ou seja, bicombustível, gasolina e/ou álcool.

Mas o que me levou a fazer essa escolha? Sem hipocrisia, o preço pesa na decisão. Em São Paulo, o etanol (como o álcool, qual commodities, foi internacionalmente denominado) chega a custar 50% do valor da gasolina. Os especialistas afirmam que compensa usar o álcool se o seu custo for até 70% do valor da gasolina. Bem, mas isso não é tudo. É confortável saber que quando se substitui a gasolina pelo etanol se está diminuindo a emissão de CO 2 pelos carros. E como eu não fui o único a fazer essa opção, o Brasil é o país com a maior frota de veículos bicombustíveis e, consequentemente, o que tem a frota menos poluidora.

Não é à toa que os brasileiros foram apontados, em uma pesquisa encomendada pela TV britânica BBC e realizada pelo Instituto Synovate, como os mais preocupados com o aquecimento global. Segundo a pesquisa, 87% dos brasileiros ouvidos se preocupam com o assunto e 20% disseram que planejam comprar um carro menor para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Um alerta: se está poluindo menos, mas continua-se a poluir.

Mas o uso do etanol pode realmente ajudar no combate ao aquecimento global? Bem, enquanto a cana cresce, absorve mais CO 2 da atmosfera do que é produzido com a queima de etanol pelos motores automobilísticos. E quais são os benefícios do etanol em comparação com outros combustíveis? Um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ( Embrapa) chegou à seguinte conclusão: a produção de CO 2 por um veículo médio rodando 100 km é de 35,1 kg utilizando gasolina pura (sem adição de álcool), 29,7 kg com diesel e somente 6,92 kg com etanol de cana. Ou seja, o etanol reduz 80% da emissão de gases de efeito estufa (GEEs) se usado em substituição à gasolina pura e em 77% da emissão no caso do diesel. É uma redução significativa.

É bom destacar também que em cada litro de gasolina no Brasil há 22% de etanol. Outros países estão seguindo essa linha. Em 2010, 5% do combustível vendido nas bombas no Reino Unido será composto de biocombustível. A meta da União Europeia é de acrescentar 10% de biocombustível aos combustíveis até 2020 em todo o continente. O governo dos EUA também se apegou ao etanol como forma de reduzir a dependência do país em petróleo estrangeiro. Tais políticas têm provocado um grande aumento na demanda por biocombustíveis nos últimos anos. Isso é bom ou é ruim? Qual será o impacto social da produção do etanol no Brasil? Afetará a produção de alimentos? Falaremos sobre isso no próximo Ecoconvivência.

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