Jornalistas Cegos

Embora os jornalistas usem muito o sentido da visão ao interpretarem e guardarem na memória os fatos a serem reportados, os cegos também podem ter grande sucesso nessa profissão. Álvaro Zermiani, estudante cego de Jornalismo da UNISUL (em Florianópolis), conta que os cegos, ao desenvolverem mais o sentido da audição, podem lembrar melhor o que as pessoas disseram em entrevistas ou no cotidiano. Também detectam melhor oscilações nas vozes dos outros, descobrindo como eles estão emocionalmente.



"A cegueira não é de todo ruim nessa profissão", diz ele, "pois a visão é um sentido que distrai facilmente: quem enxerga está sempre atento a qualquer movimento ou barulho externo ao plano de observação do jornalista. Os cegos podem, portanto, se concentrar mais, captando informações que passam despercebidas a seus colegas de trabalho".

"Nem todos, porém, desenvolvem tanto a audição", como declara o cego Sidney Tobias de Souza num fórum da internet. Referindo-se às declarações de Zermiani, diz ele: "Não vejo nada e não tenho super audição. E vivem me cobrando isso. Dá pra parar? Eu só quero ser normal".

Mesmo assim, nada impede um cego de ser jornalista. O site "Boletim", da UFMG, em matéria sobre o ex-aluno cego Edson Batista Júnior, formado em Jornalismo, diz que para se fazer jornalismo é necessário enxergar com o coração, não necessariamente com os olhos. Edson declara nunca ter deixado de fazer nada por culpa da deficiência. Foi militante, graduou-se, deu aulas de inglês, fez cursos de computação e é um "internético": com ajuda dos programas Dosvox e Virtual on-line (ver abaixo "Ledores de tela") usufrui da web como qualquer outro.

Atualmente Edson trabalha como repórter da revista mensal "Pé na rua" da cidade de Betim-MG.

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