A água de todos nós

A Terra é azul. É assim que qualquer cosmonauta enxerga o nosso planeta lá do espaço. Isso não é sem motivo. Afinal, 70% da sua superfície é coberta por água, fazendo o planeta Terra (ou seria o planeta Água?) ter a cor azulada.

A Organização das Nações Unidas (ONU), em 1993, declarou o dia 22 de março como o Dia Mundial da Água, este bem comum não só da humanidade, mas de todos os seres vivos. Afinal, sem ela não há vida. Em março de 2005, Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, decretou os anos de 2005 a 2015 como a Década da Água. Na semana de 26 de março, em Istambul, na Turquia, aconteceu o Fórum Mundial da Água.

Mas qual é o objetivo desse esforço geral? Quais são os desafios a serem vencidos?

Bem, nem toda a água está ao alcance das nossas mãos, isso porque ela é naturalmente mal distribuída no planeta – 97% é água do mar, imprópria para ser bebida; 1,75% está na forma sólida; 1,24%, em rios subterrâneos (aquíferos); e somente 0,007% está disponível para o consumo da população mundial, superior a 6 bilhões de pessoas. Desse montante, cerca de 2 bilhões não têm acesso a água encanada. Reduzir esse número é o grande desafio que os governos têm enfrentado. Segundo a ONU, aproximadamente 50% das doenças e mortes nos países em desenvolvimento ocorrem por falta de água ou pela sua contaminação. Turquia, Israel, Líbano, Índia, Paquistão, África do Sul, Egito e Haiti sofrem pela sua escassez.

Estima-se que, na metade deste século, dois quartos da humanidade viverão em regiões com falta crônica de água de qualidade . Esse problema também ocorre no Brasil, onde se encontra a maior reserva hídrica do mundo - 13,7% da disponibilidade de água doce do planeta, pois dois terços estão concentrados na região amazônica, com a menor densidade populacional do país. Portanto, uma pessoa, em Roraima, tem 1.000 vezes mais água à disposição do que alguém que mora no interior de Pernambuco.

Transportar a água não resolveria o problema da má distribuição? Desde os tempos dos romanos, com os seus aquedutos, a água tem sido levada de um lugar para outro. Mas isso vem se tornando cada vez mais caro, o que tem afetado em especial os grandes centros urbanos – para abastecer a Grande São Paulo, por exemplo, a água tem sido transportada do estado de Minas Gerais.

Enfim, transportar, ou despoluir para tornar a água potável, e o desperdício que ocorre na sua distribuição têm encarecido e continuará encarecendo esse precioso líquido que sai das nossas torneiras.

A contribuição de cada um para minimizar esses problemas pode ser dada por meio de medidas simples, tais como manter a torneira fechada ao escovar os dentes e ensaboar a louça; lavar o quintal aproveitando a água da lavadora de roupa; não usar mangueira para varrer a calçada; não jogar entulhos nem lixo em córregos, rios, ruas e calçadas; denunciar as indústrias que poluem com seus dejetos rios, lagos e riachos às autoridades competentes e cobrar as devidas soluções. Afinal, a água é um bem comum, é de todos nós.

DISSIPANDO DÚVIDAS

A água da Terra está acabando? Não. Puro mito. A água é um recurso infinitamente renovável, já que, em seu ciclo, ela cai das nuvens em forma de chuva, fertiliza a terra, vai para o mar pelos rios e evapora de volta às nuvens, novamente como água doce.

O consumo doméstico excessivo está acabando com a água potável do planeta? Exagero. Apenas um décimo da água potável disponível é gasto no uso doméstico, enquanto 70% são usados na irrigação agrícola, onde ocorre o grande desperdício.

É verdade que os recursos hídricos vão acabar porque, com o aumento populacional, é cada vez maior a necessidade de água para produzir alimentos? Isto também não é exato. O consumo de água vem caindo graças à modernização das técnicas agrícolas. Esta queda é observada também em outras áreas. Por exemplo, um dos mais respeitados centros de estudos mundiais sobre o assunto, o Pacific Institute , com sede na Califórnia, relatou que o consumo total de água nos Estados Unidos caiu de 600 quilômetros cúbicos por ano, na década de 80, para menos de 500 nos dias atuais. Tal se deve, em parte, à economia na indústria e no consumo doméstico. Na indústria, na década de 30, se gastava, em média, 200 toneladas de água para se obter uma tonelada de aço. Hoje, se gasta apenas três toneladas. Nas residências, por exemplo, em 20 anos, caiu para um quarto a quantidade média de água utilizada nas descargas dos banheiros.

O desafio agora é conseguir que, com uma população mundial em constante crescimento, os recursos sejam mais bem distribuídos e que a qualidade do produto seja mantida.

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